Mesa-redonda: Sociedade civil, movimentos sociais e sociologia no Brasil
Table-ronde : Société civil, mouvements sociaux et sociologie au Brésil
A APEB-FR convida a todas/os ao próximo Ciclo APEB-FR:
Date : 02/11/2017
Horaire : 17h
Lieu : MIE – Maison des Initiatives Étudiantes, Salle des Ailes
50 Rue des Tournelles, Paris, 75003 Paris (métro : Chemin Vert ou Bastille)
- Alain Touraine e o Brasil: diálogos
Flávio Mendes – pós-doutorando em sociologia /UNICAMP, EHESS
Alain Touraine é um dos cientistas sociais franceses mais influentes do século XX, com vasta produção dedicada aos movimentos sociais e à teoria sociológica. Além desses temas, o autor cedeu bastante espaço em suas obras à América Latina, região com a qual possui fortes relações desde a década de 1950. Nesses textos, Touraine apresenta sua visão sobre o desenvolvimento, a estrutura de classes e o Estado em sociedades consideradas periféricas. Tais reflexões são fruto de diálogos estabelecidos com autores importantes da sociologia latino-americana, entre os quais se destacam muitos brasileiros. Quando esteve no país, no início dos anos 1960, Touraine contribuiu para a criação do Centro de Sociologia Industrial e do Trabalho (CESIT), ligado à Cadeira I de Sociologia da Universidade de São Paulo (USP), sob a liderança de Florestan Fernandes e seu aluno de maior destaque, Fernando Henrique Cardoso. O contato entre Touraine e pesquisadores brasileiros não cessou a partir de então: o sociólogo francês orientou teses sobre o Brasil na França, o que o manteve próximo do debate intelectual e político latino-americano ao longo das décadas seguintes. Este influenciou sua produção sobre os movimentos sociais, a qual, por sua vez, ecoou no Brasil quando o mesmo tema passou a chamar a atenção de nossas ciências sociais, durante a década de 1980, no contexto da redemocratização. Essa pesquisa é voltada a investigar o conteúdo desse diálogo intelectual, os trabalhos que dele derivaram e seus protagonistas. Para além da exposição das principais ideias de Touraine e de seus interlocutores brasileiros, pretendo avaliar se e quanto elas influenciaram a tomada de decisão de atores sociais e políticos em dois momentos-chave de nossa história recente: o início da década de 1960, em meio ao florescimento dos estudos sobre a industrialização no seio das ciências sociais brasileiras, e os anos 1980, período em que essa disciplina se empenhava em compreender o cenário político do fim da ditadura e seus principais atores. - Movimento secundarista de São Paulo e uma abordagem teórico crítica da sociedade
Rubia A. Ramos – doutoranda em sociologia pela UNICAMP, com estágio sanduíche na EHESS
Busco problematizar o movimento dos estudantes secundaristas de São Paulo, que desde 2015 vem conquistando maior relevância na esfera
pública brasileira e no debate sobre a reforma da educação básica no Brasil. Tendo em vista o problema de garantias de direitos e
reconhecimento de minorias políticas, o estudo do movimento dos estudantes secundaristas contribuirá para pensar o debate teórico sobre
reconhecimento e redistribuição entre autores como Jürgen Habermas, Nancy Fraser, Íris Young e Charles Taylor, passando pela discussão sobre
políticas universais e políticas da diferença. A partir dessa abordagem busco identificar contribuições e limites no campo da teoria crítica
contemporânea para pensar situações de luta por direitos sociais e reconhecimento em esferas públicas específicas, concluindo que o modelo
deliberativo apresentado por Habermas e ampliado por Young são insuficientes para atender demandas de minorias políticas. - Mobilizações de grupos evangélicos em ações de promoção da cidadania no Brasil
Cleto Abreu – doutorando em sociologia pela USP, com estágio sanduíche na EHESS
A pesquisa examina modalidades de ação situada de igrejas e organizações evangélicas no campo da assistência social no Brasil nas três últimas
décadas, analisando como a questão da promoção dos direitos sociais mobilizou atores religiosos em torno de sua definição e de sua solução. O
objetivo geral é investigar os modos de inserção de uma organização interdenominacional e de duas igrejas evangélicas – Rede Evangélica
Nacional de Ação Social (RENAS), Assembleia de Deus e Universal do Reino de Deus – no campo da assistência social, a fim de analisar situações
concretas em que estiveram mobilizadas com outros atores religiosos, entidades da sociedade civil e organizações governamentais em torno da
implementação de direitos sociais. A hipótese é de que o trabalho empreendido por esses atores na promoção de direitos sociais vem resultando
tanto em novas modalidades de atuação evangélica quanto em novas modalidades de implementação desses direitos no Brasil.
O Ciclo APEB-FR é aberto a todos. Contamos com sua presença.
Venez nombreux. Entrée est libre et gratuite.
Si vous voulez soumettre une proposition de discussion, merci de nous contacter à l’adresse : diretor.cientifico@apebfr.